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Entre Linhas Entrevista: Escritor Adenildo Lima
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21:59
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Adenildo Lima,
Entre Linha Entrevistas
Adenildo Lima/Arquivo Pessoal |
No blog, entrevistamos o escritor Adenildo Lima, autor de A Parteira, que em breve terá uma resenha publicada aqui. Abaixo uma deliciosa entrevista onde podemos aprender com suas sábias palavras e pensamentos, acompanhe:
1. De onde surgiu a motivação para ser
escritor e se alguém o influenciou?
Não me lembro de
ter sido influenciado por outra pessoa para iniciar meus escritos, mesmo tendo
plena consciência que sempre somos influenciados por alguma coisa ou pessoa e,
em especial, as experiências vividas no dia a dia. Acredito que na minha infância o que me despertou
ao gosto pela leitura foi ouvir meu pai lendo a bíblia e ensinando-me a lê-la,
e minha mãe declamando alguns poemas populares, desses que passam de geração em
geração, e um primo meu que quando passava por lá, onde eu morava, contava
histórias. E isso, penso eu, aguçou em mim a busca pelo sabor das palavras. Por
outro lado, é importante ressaltar que tive a minha infância e adolescência num
sítio, no município de Colônia Leopoldina, uma pequena cidade no estado de
Alagoas, para chegar a uma escola precisava andar de uma a duas horas a pé. Ou
seja, os primeiros contatos que eu tive com a leitura foram ao observar o raiar
do sol pela manhã, ouvir o cantar dos pássaros ao amanhecer de cada dia e sentir
o cheiro de terra adentrando minhas narinas, trazendo-me cheiro de vida,
essência poética para o meu existir. Já aqui em São Paulo, quando cheguei em
1998, fiquei perplexo com o contraste vivenciado por mim: a correria, o barulho
dos carros, muito diferente do canto dos pássaros lá no Nordeste. Mas, hoje,
estou completamente habituado na cidade grande, sem perder a minha história, a
minha narrativa, a essência de tudo o que me faz ser o que sou atualmente.
2. Por que você gosta de escrever?
Escrever é o que
me faz viver. Não me vejo sem escrever. Acredito que a minha vida não teria
graça se hoje eu não estivesse saboreando o sabor de cada palavra, vivendo a
experiência de cada personagem. Às vezes eu penso que se não existisse a arte,
a vida seria um vão sem essência, sem sabor, sem cor; neutra.
3.
Quais são
os livros/autores/personagens favoritos e porque?
São muitos. Só
este ano já li 18 (dezoito livros), e só se passaram quatro meses de 2015. Mas
vou aproveitar a oportunidade para falar do livro que acabo de concluir a leitura:
Diário de Bitita, de Carolina Maria de Jesus. Diário de Bitita é um livro que
em cada linha discorre um pouco de vida, de morte, de amor, de dor, ao
descrever a vida da própria autora, em tom poético. Ela escreve com maestria,
mostra um Brasil dos primeiros 50 (cinquenta) anos do século 20, diante de
todos os seus percalços e sonhos, na esperança, no olhar de um povo alegre e
sofredor. Diário de Bitita torna-se leitura necessária para quem deseja
conhecer um pouco mais desse nosso país chamado Brasil, e para quem gosta de apreciar
a boa literatura. E, por outro lado, para quem deseja conhecer um pouco mais da
face humana refletida em vários reflexos, multifacetada.
4. Quais e quantos livros lançados e como se
deu a carreira?
Até o momento
tenho três livros publicados. Comecei em 2009 com o livro: “O copo e a água”, literatura infantil. E
estou trabalhando para publicar a 2ª edição, este ano. Depois veio em 2012 o
livro de poemas: “Lobisomem pós-moderno”,
em parceria com o poeta Márcio Ahimsa, com cinquenta e poucos poemas de minha
autoria e cinquenta e poucos poemas de autoria dele. E só um poema é em
coautoria. E no final de 2013 publiquei “A
parteira”, que é um poema narrativo composto por um pouco mais de 1500 (mil
e quinhentos) versos. Em 2014 ficou com o 2º lugar no Prêmio Poetizar o Mundo
com Livros.
5. Você utiliza algum material como referência
para escrever, ou é pura e simplesmente inspiração momentânea?
Sinceramente,
não acredito que “inspiração momentânea” possa transformar alguém em escritor.
Acredito que todo o escritor precisa ler e ler e reler tudo o que ele puder e
estiver ao seu alcance. Escrever, ao meu ponto de vista, é um processo
contínuo, que exige paciência, dedicação, amadurecimento e coragem. Sim,
coragem, escrever também é um ato de coragem. Escrever é inventar novos mundos,
pessoas... é desnudar-se em cada obra concluída.
6. O que você mais gosta nas próprias
histórias e se o seu gênero literário encontra dificuldades no mercado?
Acredito que
dificuldades sempre vamos encontrar. E isso não é ruim. Ajuda o artista a
amadurecer mais. O que eu mais gosto no que escrevo é quando recebo o retorno
de algum leitor, de alguma leitora, é o maior prêmio.
7. De qual
forma, ser escritor afetou a sua vida e quando a escrita virou profissão?
É sempre uma
felicidade muito grande, a cada momento que concluo algum trabalho literário. E
no ofício de escrever vou ser sempre amador. Quando a escrita vira profissão
muitas vezes o escritor deixa de escrever por si, perde a essência. E é
importante dizer que desejo muito poder viver dos meus escritos, mas que isso
não seja uma profissão. Na vida de escritor quero ser como uma criança que
brinca, que encontra sentido nas coisas mais simples, que nós adultos, não
conseguimos observar no dia a dia.
8. Uma dica valiosa para novos escritores
seria?
Ler e ler e ler
e depois reler. Depois escreva, reescreva, escreva e não se canse de escrever.
Mostre para as pessoas, mas esteja apto e maduro para ouvir críticas,
comentários. E tenha muito cuidado com os elogios.
9. No
seu entender, qual o papel do leitor para um escritor?
Sem leitor não
pode existir escritor.
10.
Como
você enxerga a explosão dos livros digitais e se isso compromete os impressos?
Os livros digitais
são bem-vindos. Tudo ganha seu espaço e não tira o espaço do outro, é ilusão
pensar que o livro digital vai tirar o espaço do livro impresso. O livro
impresso continua. O livro digital ganhará seus adeptos. E o ganho de tudo
isso? Teremos mais leitores...
arquivo pessoal |
#Pra finalizar um espaço onde você pode deixar o que quiser, o que não
foi perguntado, o que gostaria de responder:
Antes de tudo agradeço pelo
espaço para poder compartilhar um pouco das minhas experiências com a
literatura. Aproveito também para dizer que este ano teremos a publicação da 2ª
edição do livro “O copo e a água”, e a publicação de mais um poema narrativo.
As palavras têm sabor,
experimente-as...