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Ariano Suassuna buscava inspiração para seus livros na cultura popular

on 14:25
O escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna morreu nesta quarta-feira (23), aos 87 anos. A vocação para contar histórias e a facilidade em unir o erudito ao popular fizeram dele um dos maiores nomes da nossa literatura.
Era na cultura popular, que Ariano Suassuna buscava inspiração para os livros que escrevia.
“Eu tenho viajado o Brasil da Amazônia ao Rio Grande do Sul. E sou recebido hoje com um carinho que me deixa comovido e emocionado”, disse Ariano Suassuna, em maio de 2007.
No carnaval deste ano no Recife virou boneco gigante. Também foi tema de sambas enredo. Em 2002 na escola Império Serrano, do Rio. E em 2008, na Mancha Verde, de São Paulo.
Nasceu em uma família aristocrática. O pai, João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, chegou a ser presidente do Estado, cargo que hoje equivale ao de governador da Paraíba. Ariano ficou órfão aos três anos. O pai foi assassinado nas disputas políticas que levaram à Revolução de 1930.
Aos 10 anos, Ariano se mudou para o Recife para estudar. Lá, fez o curso de Direito e conheceu Zélia, o seu grande amor. O casal teve seis filhos e dividiu a vida por 57 anos. Zélia trouxe mais alegria ao coração e à literatura de Ariano.
“Até certa idade eu era uma pessoa travada e só escrevia tragédias. O encontro com Zélia parece que desatou o nó que havia dentro de mim e ela foi quem me abriu pra beleza e pra alegria do mundo”, afirmou Ariano.
Ariano escreveu à mão dezenas de romances, ensaios, poesias e peças de teatro. A mais famosa delas, o Auto da Compadecida, fez sucesso no cinema e na TV, e nos apresentou João Grilo e Chicó.
A dupla vivia se metendo em confusões. O cômico e atrapalhado Chicó era o personagem que mais se parecia com o escritor.
“Aquelas mentiras fantasiosas de Chicó, eu tenho e tenho que ter, porque eu sou um escritor e o escritor, como mentiroso, é uma pessoa que não se satisfaz com o universo comum e então inventa outro”, revelou o escritor.
Ariano Suassuna exerceu a advocacia durante quatro anos apenas. A grande vocação dele era mesmo o mundo das palavras e das histórias que gostava de inventar. Muitas dessas histórias surgiram das duas maiores paixões da infância: o circo e a literatura.
O reconhecimento a um dos maiores nomes da literatura brasileira veio de diversas formas: em agosto de 1989 entrou para a Academia Brasileira de Letras.
Ariano percorreu o país dando as famosas aulas-espetáculo, em uma cruzada para defender a cultura popular.
Era a continuidade do Movimento Armorial, que ele criou ainda nos anos 1970, para encurtar a distância entre o erudito e o popular, na dança, na música e nas artes plásticas.
Ariano Suassuna escrevia todos os dias. Para ele, mais do que uma paixão, a literatura era uma necessidade.
“Eu escrevo porque eu preciso dar saída a todo um universo interior que eu tenho e que é muito tumultuoso, e se eu não der saída através dos personagens, eu acho que eu corria doido”, destacou Ariano Suassuna, em 2007.

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