0

Virginia Lane (1920 – 2014) A Grande Vedete do Brasil

on 11:30 in ,
00virginalane Virginia Lane (1920   2014)

Morreu Virginia Lane, a “Vedete do Brasil”, que foi estrela da fase áurea das chanchadas, gravou sucessos de carnaval e se tornou sex symbol nacional. Ela tinha 93 anos e faleceu na segunda-feira (10/2) num hospital de Volta Redonda, Rio de Janeiro, com falência múltipla dos órgãos em decorrência de uma grave infecção.
Virgínia Giaccone nasceu em 1920, no Rio de Janeiro. Aos 15 anos, já tinha decidido virar artista, cantando em programas de rádio e fazendo sua estreia no cinema, no musical da Cinédia “Alô, Alô Brasil” (1935), o primeiro filme brasileiro que teve sua trilha sonora lançada em disco – com a participação dos mitos da música Sílvio Caldas, Ary Barroso e o Bando da Lua.

virginia lane divulgacao Virginia Lane (1920   2014)

Os dias de vedete do Teatro de Revista

Bisou a experiência no ano seguinte com a sequência temática “Alô, Alô Carnaval” (1936), que reuniu Francisco Alves, Lamartine Babo, Almirante, Dircinha e Lina Batista.
Nesses primeiros filmes, Virginia aparecia apenas como dançarina e era creditada como “vedete”. Este era o nome dado às atrizes do Teatro de Revista, conhecidas por desfilar de roupa curta e provocar o público em números musicais.

002 Virginia Lane (1920   2014)

Com a amiga Carmen Miranda


Ela apareceu em ambos os filmes ao lado de outra vedete que dava os suas primeiros passos no cinema, sua amiga Carmen Miranda, com quem ainda faria a dobradinha “Banana-da-Terra” (1939) e “Laranja-da-China” (1940).
Dali em diante, não parou, emendando dezenas de filmes musicais e apresentações em teatro de revista. Ela foi contratada como cantora e dançarina do Cassino da Urca em 1943, onde se apresentou com as big bands americanas de Tommy Dorsey e Benny Goodman. Dois anos depois, gravou seu primeiro disco, um compacto com a marcha “Maria Rosa” e o samba “Amei Demais”.

Em 1948, foi convidada pelo dramaturgo e cineasta português Chianca Garcia para estrelar como vedete na revista “Um Milhão de Mulheres”, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. A denominação “Teatro de Revista” era um modo mais elegante de falar “teatro rebolado”, como o povo o conhecia. E Virginia rebolava como ninguém.
Em pouco tempo, tornou-se a principal vedete da Praça Tiradentes, do Rio de Janeiro e do Brasil. O próprio presidente Getúlio Vargas oficializou seu status entregando-lhe uma faixa com o título honorário de “A Vedete do Brasil”. Dizem – a própria Virgina Lane entre os que diziam – , que ela e Getúlio tiveram um caso duradouro.

Depois de protagonizar diversas comédias carnavalescas, como “Céu Azul” (1940), “Samba em Berlim” (1943) e “Carnaval no Fogo” (1949), cantando seus sucessos e contracenando com Oscarito e Grande Otelo, Virginia fez história ao protagonizar o primeiro nu (não frontal) do cinema nacional no longa “Anjo do Lodo” (1951), de Luiz de Barros, que adaptava o romance “Lucíola”, de José de Alencar.
O filme enfrentou protestos para que fosse retirado de cartaz, o que não aconteceu e fez a popularidade da atriz disparar. Para completar, no mesmo ano ela gravou seu maior sucesso, a marchinha “Sassaricando”, que é tocada até hoje nos bailes de carnaval.

00virginia Virginia Lane (1920   2014)

Quem Roubou Meu Samba


Apesar do desvio dramático, Virginia logo voltou a rebolar em sambas cinematográficos. O próprio Luiz de Barros a trouxe de volta às chanchadas com o filme “Está com Tudo” (1952), adaptação de uma peça de Mario Lago, “A Cura do Amor”. E foram mais dez anos de rebolado, incluindo “Quem Roubou Meu Samba?” (1959), “O Viúvo Alegre” (1960) e “Vai que É Mole” (1960), até “Bom Mesmo É Carnaval” (1962), de J.B. Tanko, que marcou o fim daquela era.
Após o término das chanchadas, ela só fez mais dois longas.

“A Árvore dos Sexos” (1977), sua única pornochanchada (comédia erótica) foi dirigida por Sílvio de Abreu (que virou autor de novelas populares, como a recente “Guerra dos Sexos”) e escrita, entre outros, pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho. A trama se passava numa cidade pequena onde havia sido descoberta uma árvore cujos frutos faziam as mulheres engravidarem. Assim, as mulheres do lugar podiam ter uma vida sexual mais livre, pois sempre culpavam a árvore pelas gravidezes inesperadas.
Seu último longa, “Os Pastores da Noite” (1979), foi também a obra final do mestre francês Marcel Camus, cineasta apaixonado pelo Brasil, que havia vencido a Palma de Ouro no Festival de Cannes pela obra-prima “Orfeu do Carnaval” (1959). O filme adaptava o romance homônimo de Jorge Amado, um romance que tinha como pano de fundo o sincretismo religioso baiano. A pequena participação de Virgina também serviu para reuni-la pela última vez com um de seus principais parceiros do cinema, o ator Grande Otelo.
A atriz chegou a montar sua própria companhia para levar o Teatro de Revista a diversas regiões do Brasil, mas foi mais bem sucedida ao transpôr os espetáculos burlescos para a televisão, no programa “Espetáculos Tonelux”, que estreou em 1959 na TV Continental. O programa passou por cinco estações diferentes até acabar na TV Globo, onde foi exibido pela última vez em 1967.
Ela acabou ficando pela televisão, participando como jurada de programas de calouros de Raul Gil e Sílvio Santos – os protótipos dos reality shows de competição musical, como “American Idol” e seus derivados. Seu estilo de vida descontraído, que a colocava à frente de sua época, teria ainda servido de inspiração para a novela “Locomotivas”, de 1977.

A própria Virgínia participou de novelas da Rede Globo, porém no fim de sua carreira. Em 2005, ela fez parte do elenco de “Belíssima”, do mesmo Sílvio de Abreu que a dirigiu em “A Árvore dos Sexos”, ao lado de outras vedetes, como Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Ester Tarcitano, Lady Hilda, Teresa Costello, Dorinha Duval, Anilza Leoni, Rosinda Rosa e Lia Mara. E, em 2007, fez uma participação especial na novela “Sete Pecados”, justamente como uma ex-vedete.
Ela recebeu a última homenagem em vida no dia 25 de janeiro deste ano, quando foi eleita a Imperatriz do Amazônia, em Belém, no Pará. Ela ainda será homenageada no Carnaval do Rio, junto ao palco onde se apresentava anualmente, em shows nostálgicos com grandes ídolos de antigamente. Este ano, o Baile da Cinelândia levará o nome da eterna vedete.

MAIS:...........................................................

Recentemente o Brasil perdeu outra grande Vedete, Marly Marley.  Atrizdiretora de  teatrocrítica musicaljurada musical e ex-vedete da época de ouro do rádio e televisão brasileiros, personalidade de destaque expressivo no cenário da cultura artística e musical nacional por várias décadas. Integrou por muitos anos o corpo de jurados do Programa Raul Gil.
Morreu em 10 de janeiro de 2014, aos 75 anos, depois de ficar internada por um mês em um hospital de São Paulo devido a um câncer de pâncreas e apresentava metástases.

|

0 Comments

Postar um comentário

Copyright © 2009 ENTRE LINHAS All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates