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O que é que a baiana tem? CARMEN MIRANDA E SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA


Ela nasceu em Portugal e se tornou brasileira, se chamava Maria do Carmo mas entrou para a história como Carmen Miranda. A Pequena Notável é a artista brasileira mais famosa no exterior até hoje. Carmen Miranda se inventou e criou um mito tão forte que se confunde com a própria identidade cultural do Brasil. Ela era um grande espetáculo e nunca sua imagem nunca esteve tão em voga quanto agora. Carmen é a cara do Brasil.



Carmen Miranda trilhou rigorosamente os degraus que galgam o sucesso e costumam fazer as grandes estrelas. Ela abandonou os estudos aos 16 anos, teve vários empregos, e foi descoberta por acaso. Ela alimentava o sonho de ser artista e passou a fazer figurações em vários filmes da época. Onde quer que ela fosse trabalhar, vivia cantando e sua bela voz acabava chamando atenção dos clientes, que ficavam encantados. A grande chance veio em 1929 com um convite feito por uma cliente para uma apresentação no Instituto Nacional de Música.
Apesar de Carmen não ser especificamente uma sambista – apesar de lhe terem atribuído esse título – Carmen gravou mais de vinte canções entre Tangos (um de seus gêneros favoritos), Sambas, Foxtrote, Marchas e Lundu; dos mais populares autores brasileiros, como Ary Barroso, Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola e Assis Valente. A carreira seguiria de vento em popa, Carmen excursionou por todos os estados do Brasil e logo começou a fazer sucesso nos países da América Latina, indo à Argentina e o Uruguai diversas vezes. Carmen também passou a estrelar vários filmes na época, ao todo ela fez sete filmes no Brasil – a maioria, perdidos. Ela passou a ser chamada de A Pequena Notável - por causa da estatura baixa.


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Carmen já era consagrada no Brasil e estava no auge do sucesso quando em 1939, chegou ao Rio o poderoso empresário da Broadway Lee Schubert, vindo especialmente para vê-la no Cassino da Urca. Ela já havia recusado uma proposta de carreira nos Estados Unidos, feita pelo astro Tyrone Power no ano anterior, mas desta vez, Carmen assinou contrato para a revista musical Streets of Paris (Ruas de Paris) na Broadway. Ela partiu em 4 de maio de 1939, ás vésperas da 2ª Guerra Mundial, a bordo no navio Uruguai, sem saber falar sequer uma palavra em inglês.

Em 29 de maio de 1939, Carmen estreou no musical Streets of Paris em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica (a estrela Judy Garland chegou a ir vê-la no espetáculo cinco vezes). Ela agora era chamada de The Brazilian Bombshell (a explosão brasileira). O sucesso era crescente, em 5 de março de 1940 ela fez uma apresentação para o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Neste mesmo ano ela fez sua primeira aparição no cinema norte-americano; foi em Serenata Tropical (Down Argentine Way), da 20th Century-Fox, em que Carmen apenas canta. O filme estreou em outubro e bateu recordes de bilheteria.

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Entre 1940 e 1953, Carmen atuou em treze filmes em Hollywood. Seu sucesso era estrondoso. Além do cinema, ela participou de vários programas de televisão, rádio, cassinos, casas noturnas e teatros norte-americanos. A consagração veio em 1941, quando tornou-se a primeira e única luso-brasileira até hoje, a gravar as mãos e plataformas no cimento da calçada da fama do Teatro Chinês em Los Angeles (ela também possui uma estrela na Calçada da Fama do Hollywood Boulevard). Carmen era a principal atração do Copacabana Nightclub, famosa boate nova-iorquina, fundada em 1940 e que existe até hoje em Manhattan. O cartaz do "The Copa" é desde aquela época uma gravura estilizada de Carmen, em homenagem à cantora.

Costuma-se associar Carmen Miranda ao que se chama no Brasil de Política da Boa Vizinhança, empreendida pelos EUA nos anos 40, na América Latina, para buscar aliados na 2ª Guerra Mundial. Apesar de Carmen ter obtido o sucesso nos EUA muito antes da implantação da política da Boa Vizinhança (o personagem Zé Carioca de Walt Disney esta muito mais associado a isto), ela acabou se tornando o modelo mais bem sucedido do projeto. Seu estilo exótico e exuberante cativou o público norte-americano, que ficava encantado com aquela artista de um país dos trópicos, que sustentava frutas na cabeça, vestia figurinos exuberantes, cantava um ritmo empolgante e dançava freneticamente.
Carmen Miranda tornou-se um hit nos EUA. Ela apareceu em desenhos animados como Tom e Jerry e Popeye. Foi imitada e caricaturada por Lucille Ball, Bob Hope, Jerry Lewis, Mickey Rooney e Dean Martin. A imagem de Carmen era muito forte, cômica, engraçada, caricata. Acabou-se criando um verdadeiro estereótipo, o que nem sempre é positivo. Mesmo assim, Carmen sem dúvidas foi a artista latina mais bem sucedida nos EUA em Hollywood, e lá sua imagem ainda hoje é mais forte do que no Brasil.

A imagem fabricada pelos filmes da 20th Century-Fox acabou criando um inconveniente para Carmen: ela percebeu que estaria aprisionada a imagem da "garota latina" para sempre. Como contratada da Fox, Carmen era uma mina de ouro para a companhia, ela era obrigada a forçar um sotaque latino caricato, mesmo já falando inglês perfeitamente. Nos filmes, grandes musicais luxuosos em Tecnicolor – tão estonteantes quanto o seu figurino – Carmen tanto podia interpretar uma brasileira, quanto uma mexicana, cubana, porto-riquenha ou até uma cigana. Mas ela era sempre a garota latina. Entre os atores com quem contracenou, estão nomes importantes, como Alice Faye, Betty Grable, Jane Powell, Vivian Blaine, Groucho Marx, Dean Martin e Jerry Lewis. Entre os filmes, os que mais se destacam são Uma Noite no Rio (That Night in Rio, 1941); Minha Secretária Brasileira (Springtime in the Rockies, 1942); Entre a Loura e a Morena (The Gang’s All Here, 1943) e Serenata Boêmia (Greenwich Village, 1944).

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Em meados dos anos 40, Carmen Miranda já era a artista mais bem paga dos Estados Unidos e a mulher que mais pagava imposto de renda no país. No fim da década, ela excursionou por toda a Europa, fez longa temporada no Teatro London Palladium, em Londres, batendo recordes de público, e até chegou a receber simbolicamente as chaves da cidade de Estocolmo, capital da Suécia. Em 1947, Carmen se casou com David Sebastian, segundo ela, porque tinha medo de ficar sozinha e ele foi o único que a pedira em casamento.

A extenuante agenda de shows foi massificando Carmen ao longo dos anos. Ela se tornou mais uma das muitas dependentes de barbitúricos em Hollywood, assim como Judy Garland ou Marilyn Monroe. Carmen precisava dos remédios para comer, dormir, acordar, basicamente tudo. Naquela época, o consumo de barbitúricos era permitido e até incentivado no meio hollywoodiano. Isso, somado a dependência de álcool e cigarro foi potencializando o efeito destrutivo dos remédios. No fim da vida Carmen Miranda estava muito doente. Foi então que por recomendação médica voltou ao Brasil pela última vez, após quatorze anos de ausência, um ano antes de sua morte.


O maior sonho de Carmen sempre fora casar e ter filhos, infelizmente ela nunca realizou nenhum dos dois. O casamento com Sebastian foi um fracasso, e a após um aborto espontâneo ela jamais conseguiu engravidar. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento, numa suíte do hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente remédios, álcool e cigarro. No Brasil, ela viveu o último carnaval de sua vida, o carnaval que a tinha consagrado e que a tinha como a filha mais ilustre.
Carmen retornou aos Estados Unidos em abril de 1955 e logo voltou ao trabalho, com a mesma agenda lotada de shows. Apresentou-se em cassinos por todo o país, foi a vários programas de televisão e viajou para Cuba onde cantou em Havana. Na noite de 4 de agosto de 1955, Carmen Miranda apareceu no Jimmy Durante Show. Durante um número de dança, ela quase desfaleceu, tendo sido amparada pelo apresentador Jimmy Durante. Foi sua última aparição ao público.
Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência, em Beverlly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar para os amigos presentes, Carmen subiu para o quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe e caminhou em direção a cama com um pequeno espelho na mão.
A mulher que nasceu com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha, em Marco de Canaveses – norte de Portugal, no dia 9 de fevereiro de 1909, morreu vitimada por um colapso cardíaco fulminante que a derrubou morta sobre o chão na madrugada do dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela mãe Maria Emília no dia seguinte, às 10:30 da manhã. Carmen Miranda tinha apenas 46 anos de idade.

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Em sua época, o Brasil ainda era um país pitoresco, exótico e longínquo, muito pouco conhecido. Carmen representava muito do Brasil e deu ao mundo a imagem de um país feliz, alegre, tropical, quente e positivo. É óbvio que o Brasil não é só isso, mas Carmen mostrou aos outros povos o que é a nossa música, a nossa dança e a nossa arte. Por isso a imagem de Carmen e o Brasil ficaram geminadas por tanto tempo, porque Carmen era meio que o próprio Brasil. Ela oferecia o nosso melhor e mais bonito aos estrangeiros. O carnaval, o samba, o humor, a beleza e a alegria. Ela, que sequer era latina (afinal nasceu portuguesa), nunca se naturalizou brasileira ou americana, morreu sendo portuguesa. Mas a brasilidade e a latinidade de Carmen Miranda encantou o mundo. Pode-se dizer que a razão do sucesso de Carmen foi a identidade cultural brasileira que ela carregava consigo mesma. Não pode existir nada mais brasileiro que Carmem Miranda, a brasileira mais famosa do século XX.

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Reprodução: Obvios Magazine

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1 Comments


Poxa, não sabia que Carmen Miranda era Portuguesa ''com certeza''... Conheço a história dela superficialmente, muito legal a trajetória de sucesso conquistado por ela!

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